Existência

Tutti fruti. Tinha gosto de tutti fruti. Ou chiclete. Como queiram. E o cheiro? Ah, o cheiro adocicado que saia de sua boca e vinha perambular no meu olfato surge como a primavera. A primavera é tutti fruti! É arco-íris. E arco-íris é tutti fruti. Tutti fruti é infância. E na infância tudo é bom e está bem.
Adolescência. Pré é cereja. Cereja lembra tutti fruti. Cereja lembra pirulito. Não brinco mais de fazer bolas e estourar e ficar com a cara melecada. Agora eu chupo. Agora eu tiro o doce da boca e só recoloco se tiver vontade. Se não tiver jogo fora. Ou guardo na geladeira. É sempre bom ter um pirulito na geladeira. De conserva. Aumenta o ego. Durante a crise identitária é menta, hortelã. Arde. Refresca. Arde. Refresca. Cereja? Perdeu a graça! Agora é causar arrepios. Calafrios.
Pós. Adulto. Adultério. A menta tem seus encantos. A pimenta tem suas verdades. Queima! A cereja é esquecida. O tutti fruti tenta ser resgatado. Inutilmente. Vem. Sai. Entra. Fora! A pimenta se humaniza. Os sonhos são esquecidos. Meus sonhos são imortais. Os sonhos do tutti fruti, da cereja, da menta e da pimenta querem flutuar. Doces, amargos querem me resgatar. Meus sonhos morrem nas asas da borboleta de seda azul que eu queria me tornar.

2 Degustações:

Vatroi disse...
7 de maio de 2011 às 14:21

como sempre lindo...seus textos me encantam sempre.
continue escrevendo, vc vai longe, menina ou poderia dizer, minha pimenta...kkkkkkkkkkkkkkkk!

Josias Geó de Paula Jr. disse...
6 de julho de 2011 às 15:18

Bonito! As fases, os apetites, os sonhos...

Não deixe de escrever. Nada vale a sua ausência por aqui. Nem os aperreios da vida, nem as pressões de nossa UFRPE.

Um abraço!